SECRETARIA ESTADUAL DE EDUCAÇÃO
GERÊNCIA
REGIONAL DE DESENVOLVIMENTO - LAGUNA
EEB ANDRÉ ANTONIO DE SOUZA - ROÇA GRANDE
PROJETO
MATE NA MATEMÁTICA
AUTORES
DALÍSIA
DE ABREU
DARLAN
BERNARDO
OLAVO PACHECO DE SOUZA SOBRINHO
OUTUBRO DE 2014
APRESENTAÇÃO
O castelo dos guerreiros mirins.
São quase duzentos jovens e crianças,
sentados, em silêncio, olhos fixos, concentrados, esquecidos do mundo em sua
volta, a postos para o início de mais uma batalha, sem violência, sem
discriminação, sem mentiras, sem uso de armas, apenas mãos, mente e alma. De
repente, o burburinho cresce, e ouve-se o suave som de mãos se apertando e
vozes sussurrando votos de um bom jogo, seguido de batidas secas nos relógios
que marcarão o tempo e o destino de cada um daqueles reis sentados em seus
tronos. Aos poucos, enquanto damas orgulhosas e humildes peões passeiam entre
torres, cavalos e bispos, reis são derrubados e outros se mantém vitoriosos em pé. Novos apertos de
mãos se sucedem entre vencedores e vencidos, que se levantam para deixar o
trono vazio até a próxima rodada. Em pouco menos de trinta minutos crianças
experimentam a emoção de se tornarem comandantes liderando um exército,
comportam-se como verdadeiros cavalheiros e damas que se cumprimentam no
encontro e na despedida, na vitória e na derrota. Durante este valioso espaço
de tempo, olhos brilham visualizando importantes movimentos de peças e a mente
arquiteta planos de ataque ao adversário, enquanto os ouvidos ficam atentos ao
barulho incessante do relógio, alertando que o tempo passa e decisões precisas
devem ser tomadas com urgência. Em cada mesa duas personalidades duelam em
troca de sabedoria, dignidade e reconhecimento pela participação num dos jogos
mais nobres que a humanidade já criou, e com justiça é chamado de o jogo dos
reis, senão o rei dos jogos!
A magia e a força dos tocos de pau.
MELÃO JÚNIOR (1998), com humor e irreverência, dizia que “o
xadrez não passa de um punhado de tocos de pau, dispostos sobre uma tábua
quadriculada, situada entre duas criaturas incompreensivelmente absortas, que,
dominadas por uma espécie de autismo, desperdiçam inutilmente seu tempo,
olhando para este brinquedo sem graça, enquanto o mundo ao seu redor pode
desmoronar sem que se apercebam disso.” Mas esclarece que “esta é a
interpretação do homem vulgar, insensível e apático; incapaz de enxergar as
essências, homem que se conforma com uma visão superficial das coisas e se
deixa seduzir pelas aparências de outras atividades menos belas e eloqüentes.
Para o homem mediano, o xadrez é um mero acessório, útil tão somente porque
contribui para desenvolver diferentes faculdades mentais, melhorando o
desempenho escolar nas crianças, intensificando a acuidade mental nos adultos e
preservando por mais tempo a agilidade mental nos idosos. Porém, para o homem
espirituoso, criativo e empreendedor, o xadrez é uma das mais ricas fontes de
prazer, um meio no qual se encontram elementos para representar as mais
admiráveis concepções artísticas, um campo pelo qual a imaginação pode voar
livremente, produzindo, com encantadora beleza, idéias deliciosamente sutis e
originais. O xadrez é uma das raras e preciosas atividades em que o homem pode
explorar ao fundo suas emoções, atingindo estados de prazer tão sublimes, tão
ternos, tão intensos, que só podem ser igualados pelas sensações proporcionadas pelo amor e pela
música".
2. JUSTIFICATIVA
Comprovado em experiências, a
prática de xadrez ajuda no ensino da matemática, através do incremento no
raciocínio lógico para decifrar questões que envolvem símbolos, especialmente
os números e suas operações, além de desenvolver a habilidade de organizar as
ideias, utilizar melhor métodos de investigação e pesquisa, bem como para
solucionar problemas matemáticos.
Cientes de sua importância na
aprendizagem, escolas de alguns países europeus permitem que 20% da média na
disciplina de matemática provem do aprendizado e da prática do xadrez. Os
resultados são surpreendentes, mas tristes, quando voltamos nossos olhares para
as escolas do Brasil, onde o xadrez ainda é considerado, na maioria delas, e de
forma errônea, um simples jogo de intelectuais.
Felizmente a situação parece mudar
aos poucos, principalmente com o advento das salas de informática, com a utilização
do computador e internet, além do surgimento de associações de pais, clubes
esportivos, e até mesmo academias privadas. "É uma situação de feito e não
de direito”, conforme as palavras do representante da UNESCO dirigidas ao
senado em 1995: “é preciso dar um caráter formal e legal a prática do xadrez
nos centros de ensino”.
Justifica-se o ensino do xadrez, por
sua contribuição aos alunos nas áreas:
v
Sócio-comportamental: pela interação de personalidades, dentro de regras
estabelecidas, de forma educada, através do cumprimento no início e ao final de
cada partida. Estimula a auto-estima, a competição saudável e o trabalho em
equipe.
v
Cultural: pela prática de uma atividade lúdica de origem milenar, que se
espalhou pelo do mundo, como o segundo esporte mais praticado, perdendo apenas
para o futebol;
v
Lógico-cognitiva: por ajudar na matemática e na construção e organização
dos pensamentos e idéias, bem como estimular o desenvolvimento de habilidades importantes
na aprendizagem - atenção, memória, raciocínio lógico, inteligência e
imaginação.
v
Ético-moral: Por obrigar seu praticante ao respeito às regras do jogo e
ao comportamento pessoal, que reflete num ganho substancial de valores éticos e
morais.
3. PÚBLICO ALVO
Alunos do 4º ano, divididos em duas turmas.
4. OBJETIVO GERAL
Oferecer aos alunos, professores e demais integrantes
de comunidade escolar a oportunidade de usufruir de uma poderosa ferramenta
pedagógica que amplie a prática de jogos de xadrez, onde lutas serão travadas
num simples plano mental, de maneira pacífica, cujo verdadeiro vencedor será a
harmonia de convivência entre todos.
5. OBJETIVOS ESPECÍFICOS
v
Solidificar no aluno atitudes de respeito e civilidade com seus
adversários, desenvolvendo seu lado sócio-emotivo e aceitando de maneira
equilibrada as diferenças individuais;
v
Incrementar a capacidade do aluno em sua imaginação, concentração,
memória e raciocínio lógico;
v
Desenvolver no aluno a prática necessária da obediência às regras do jogo
de xadrez, contribuindo para o engrandecimento dos aspectos intelectual, moral
e ético de sua personalidade;
v
Priorizar a escolha da melhor alternativa na resolução de problemas,
provendo ao aluno, em paralelo ao jogo, a oportunidade de analisar, avaliar e
propor alternativas de soluções da vida diária;
v
Contribuir para a elevação de sua auto-estima;
6. CONTEÚDO CURRICULAR
1 – Histórico do
xadrez.
2 - Objetivo pedagógico do jogo.
3 - O tabuleiro
Divisão – colunas, linhas e diagonais
Nomenclatura e coordenação das casas
4 - As peças
Nome das peças e suas posições no tabuleiro
Movimentos e valor das peças
Os três movimentos especiais
5 – Vitória, empate e vantagens
Os diversos tipos de xeque e xeque-mate
Tipos de empate
Abandono de partida.
6 - Anotações enxadrísticas
Anotação descritiva e sistema algébrico
Anotações e leituras de partidas
Termos técnicos
7 - A ética enxadrística
Normas de conduta esportiva
Hábitos nocivos ao desenvolvimento do jogo
Coordenação motora no manuseio das peças, relógio e
súmulas.
8 - O jogo de xadrez
Noções básicas do jogo de xadrez
Abertura, jogo médio e final
Planos de jogo e
técnicas enxadrísticas
Partidas memoráveis.
9 – Avaliações
Exercícios diversos com jogadas a resolver
Trabalhos individuais e em grupos
Torneios e campeonatos internos e externos
7. AÇÕES E OPERAÇÕES
As aulas podem
ser ministradas em dois ou quatro momentos semanais. Os alunos serão divididos
em dois grupos. Enquanto um dos grupos recebe o ensino de xadrez durante uma
aula, o outro permanece em sala com o professor da turma. No momento seguinte,
os grupos serão invertidos. Quando em números quase iguais, as turmas serão
divididas pelo gênero, permitindo que o professor titular possa ministrar aulas
com temas específicos para meninos e meninas.
Serão instalados
programas de xadrez, disponíveis gratuitamente em sites educacionais, que
atendam ao conteúdo previsto neste projeto. Será permitida e incentivada, em
determinado tempo da aula, a disputa de partidas entre alunos, para a prática
do que foi ensinado.
8. RECURSOS
Além dos
computadores da sala de informática e do quadro de giz, serão utilizados
tabuleiros, jogos de peças, relógios de xadrez e planilhas para anotação das
partidas.
9. CRONOGRAMA - Durante todo o
ano letivo.
10. AVALIAÇÃO DO PROJETO
Através do
parecer do professor titular e do interesse demonstrado pelos participantes.
11. CONCLUSÃO / RESULTADOS ESPERADOS
Perguntado certa
vez, ao homem mais velho do mundo, um britânico com 105 anos de idade, qual era
o segredo de sua longevidade, ele respondeu: “Não sei. Mas nunca deixo de
jogar, pelos menos uma vez em cada dia de minha vida, uma partida de xadrez”. Entre
filosofia e humor ficamos com a certeza que o xadrez contribui para uma vida
melhor... e mais longa. Ninguém sabe o segredo da longevidade, mas o xadrez é o
esporte que já teve o campeão mais jovem de vários países, dentre os demais
esportes. Em compensação, até alguém com mais de cem anos de idade pode
praticá-lo em sua quase toda sua plenitude. Que outro esporte assim permite?
Que exemplo melhor podemos dar a
nossas crianças ensinando um jogo que melhora a sociabilidade, o respeito ao
próximo, a obediência às regras, a concentração, a memória, o raciocínio, a
autoestima, a tomada de decisão e um dos caminhos para uma vida melhor e mais
longa? Um professor de xadrez deve sempre dizer aos seus alunos que, enquanto
jogam uma partida de xadrez, eles se transformam em nada mais, nada menos, do
que num comandante, que deve levar seus comandados à vitória. Na verdade, cada
um deles se transforma num verdadeiro rei. Vida longa aos reis!
12. SOCIALIZAÇÃO – vídeo “Mate na
Matemática”
13. REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICA
MELÃO
JÚNIOR (1998), in http://www.efdeportes.com/efd80/xadrez.htm